sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Manoel de Oliveira

Panorama Cinematográfico de Manoel de Oliveira

Falar em Manoel de Oliveira significa apresentar um cineasta com uma obra vastíssima mas também um cineasta muitas vezes odiado, ainda que, por outro lado, amado por muitos – especialmente por amantes de cinema de autores, onde os filmes são minuciosamente cuidados.

Para conhecerem um pouco da trajectória cinematográfica do autor, deixo-vos aqui algumas sinopses e trailers dos seus filmes.

VALE ABRAÃO
Sinopse
Baseado na obra homónima de Agustina Bessa-Luís, uma das mais conceituadas autora contemporâneas portuguesas, Vale Abraão narra a história de Ema, uma mulher de uma beleza ameaçadora. 
Para Carlos, o marido com quem casou sem amor, "um rosto como o seu pode justificar a vida de um homem". 
O seu gosto pelo luxo, as ilusões que tem na vida, o desejo que inspira aos homens, fazem-lhe valer o epíteto de "A Bovarinha", por conta da sua semelhança com Madame Bovary, da obra de Flaubert. 
Conhecerá três amantes, mas esses amores sucessivos não conseguem suster um sentimento crescente de desilusão que a leva a definir-se como nada mais que "um estado de alma em balouço". 
Ema morrerá - "acidentalmente? Quem sabe?" - num dia de sol radioso, depois de se ter vestido como se fosse para ir a um baile.

A CARTA
Sinopse
"A Carta" é uma adaptação para o cinema e para a Paris actual, de 'La Princesse de Clèves', de Madame de LaFayette ou, mais precisamente, uma montagem de trechos da referida obra. A estrutura narrativa do filme caracteriza-se por sua simplicidade, mas a organização interna dos planos é construída com precisão, minuciosamente.
Pedro Abrunhosa e a bela Chiara Mastroianni estão óptimos e convincentes.
Mademoiselle de Chartres teve sua primeira desilusão amorosa: ela foi abandonada pelo mesmo jovem com que teve um relacionamento aberto.
Uma noite, Madame Silva, amiga de sua mãe e esposa do director da Fundação Gulbenkian, a apresenta ao renomado médico, Dr. Jacques de Clèves. Ele apaixona-se imediatamente pela jovem quando a vê escolhendo um colar em companhia da mãe, num famoso joalheiro da Praça Vendôme. A jovem aceita ser esposa do médico, mesmo não sentindo nenhuma paixão por ele.
Esta paixão estará voltada para um jovem cantor da moda, Pedro Abrunhosa. Acreditando que este amor está desabrochando na sua filha, Madame de Charles pouco antes de morrer, alerta a jovem para ser prudente.
A jovem deseja apenas ser fiel e merecer a confiança que o marido deposita nela. Agora, sem ter mais os conselhos da mãe, ela visita regularmente uma colega de escola que vive num convento em Paris. 
Cada vez mais pressionada pelo que sente por Pedro Abrunhosa, que a tenta fazer viver essa paixão, Mme de Clèves decide revelar os seus sentimentos para o seu marido, na tentativa de que ele a ajude nesse dilema. Mas o seu marido, que confirmava assim a sua suspeita, morre pouco tempo depois de conhecida a verdade.
Viúva, Mme. de Clèves não se casará com o cantor: ela havia perdido alguém uma vez no jogo do amor e tem medo de perder outra vez um homem que é adorado por outras mulheres. Sem dizer a ninguém, Mme de Clèves desaparece.
Sua amiga religiosa recebe um dia uma carta da África: Mme. de Clevès partiu com um grupo de missionários; foi socorrer as populações martirizadas pela guerra civil, a doença e a fome.
OS CANIBAIS
Sinopse 
Adaptação do conto "Os Canibais", da autoria de Álvaro Carvalhal e com música original de João Pães, “Os Canibais” é um filme-ópera em tons de comédia sarcástica no qual toda a acção se desenvolve em torno da música interpretada pelos actores que representam a alta sociedade aristocrática do séc XIX. 
Apaixonada pelo belo e misterioso conde d'Aveleda, Margarida desdenha a corte de Dom João, que queria casar com ela. Na noite de núpcias o conde revela o seu terrível segredo. Horrorizada, Margarida atira-se pela janela. O conde deita-se ao fogo da grande lareira. 
Na manhã seguinte, os pais da noiva, ignorando tudo, comem os restos do conde "assado" na lareira durante a noite. Quando se dão conta, querem fugir dali desesperados, mas a notícia de uma 'fabulosa herança' reconcilia-os com a vida. 
"Esta história gosta do sangue azul, gosta da aristocracia, aquele que quiser escutar-me deverá fazer comigo a peregrinação através da alta sociedade, aquela onde em vez de falar se canta." (Voz de um 'cicerone' com um violino, no filme). 

Finalmente, não se esqueçam de deixar aqui algum comentário sobre algum filme que conheçam, se gostam do cineasta, se já tinham ouvido falar, se gostariam de ver algum filme, etc...

24 comentários:

  1. Não sou uma apaixonada do cinema, e não tinha ouvido falar de Manoel de Oliveira, mas tentarei ver algum film dele.
    Cumprimentos

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  2. Alexandre Rios Entenza

    Depois de ler a entrevista ao Manoel de Oliveira na Visão e dar uma olhadela a estes três trailers com as respetivas sinopses, fiquei a conhecer um bocado melhor a obra do cineasta.

    Nunca vi, na verdade, um filme do Manoel de Oliveira, e confesso que tinha alguns preconceitos sobre os seus trabalhos: filmes muito lentos, com ar de documentário; em definitivo, um cinema pouco acessível para o público não especializado..

    Essa visão mudou e ficou agora mais rica e contrastada. Fico com vontade de ver algum dos seus filmes: se calhar começar por um destes três que acabaram de ser recomendados cá em cima pode ser uma boa opção.

    Se os meus cálculos não estiverem errados, o cineasta fez já os 105 anos! Provavelmente uma das razões da sua longevidade esteja no entusiasmo e ilusão com que se dedica à sua grande paixão: o cinema.

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  3. Infelizmente não vi nenhum filme de Manoel de Oliveira, mas penso que não são fimes muito comerciais, além disso e depois de ler a sua entrevista acho que é um bom cineasta, sem duvida uns dos melhores de Portugal.
    Procurarei ver algum filme de todos os que fez ao longe da sua vida. Até pronto.

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  4. Reconheço que eu também não vi nenhum filme dele, a verdade é que sempre achei que tinham de ser muito aborrecidos (prejuízos, igual que o Alexandre). Todos sabemos que não é fácil (por não dizer impossivel) ver filmes portugueses nos cinemas espanhois. Apesar de ter visto os trailers, não fiquei entusiasmado, gostaria mais de ver algum filme dum director mais novo

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  5. Depois de ler uma entrevista que ele fez na revista “Visão Cultura” (Cinema: a vida toda) quando já tinha cem anos de idade, adorei o seu desejo de continuar a trabalhar (), de preservar a sua memória para lembrar tudo o que tinha vivido e filmado, e seu desejo de incorporar nos seus filmes tudo o que ele tinha vivido. Realmente um grande exemplo de vitalidade e desejo de viver e desfrutar o que ele mais gostava: o cinema (<< A sua pátria? Não poderá dizer, parafraseando Pessoa, "a minha pátria é o cinema"?>>)

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  6. Cineasta foi o mais premiado dos realizadores portugueses, mas nem sempre foi uma figura consensual, antes pelo contrario, é considerado o maior cineasta português de sempre.
    Transformou a visão que em Portugal se tinha do filme. Muitas pessoas que o tinham criticado, ao reverem-no, mudaram de opinião. Oliveira tinha uma marca e um registo muito próprios, que o distinguiam dos demais.
    Mereceu destaque nos mais importantes festivais de cinema do mundo, onde estreou vários filmes e ganhou prémios. Muitos prémios. Foi homenageado e distinguido em diversos países e até recebeu condecorações O Manoel sempre gostou do reconhecimento, como qualquer grande artista. E à medida que o foi tendo, cada vez gostava mais desse reconhecimento e achava que o merecia.
    O Manoel é sobretudo um cineasta do desejo. Há situações dessas praticamente em todos os filmes, umas mais mórbidas que outras. Por tudo isto, justifica-se dizer que a importância de Manoel de Oliveira vai para além do seu contributo na sétima arte e estende-se ao papel de embaixador da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro.

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  7. Eu queria falar aqui de um filme de que gostei muito, o filme a Caixa, que tem como palco uma inclinada rua do bairro popular de Alfama em Lisboa, uma daquelas típicas com escadas. Um cego perde a caixa de madeira onde são depositadas as esmolas que recebe. O que guarda naquela caixa de madeira preta é o seu único sustento. A filha do cego e o seu marido, desempregado como o resto dos amigos, vivem da caixa de esmolas do velho e do trabalho da mulher. A caixa desaparece e o assunto torna-se motivo de conflito violento, quase uma tragédia. E aí começam a acontecer histórias diversas, nas quais também estão envolvidos os vizinhos da rua.
    É muito interessante ver as personagens típicas das ruas de Lisboa representadas no filme, os encontros na taberna, onde até se cantam fados.
    A Caixa é o filme de Oliveira de que mais gostei e reconheço que há alguns outros que não consegui acabar de ver. Trata-se de um autor difícil de entender e que teve muitos defensores, mas também detratores, como todos os génios, já que para a maioria das pessoas é difícil entender a genialidade. Mas é precisamente por causa dessa genialidade que passou a formar parte da história do cinema mundial.

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    1. Olá Esther, Tal como tu nunca consegui acabar um filme deste nosso génio! Animas-me assim a ver a Caixa.... Até acho que o temos aqui na escola... Beijos

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  8. há um ano vi As singularidades de uma rapariga loura!! Só no fim do filme compreendi qual era a singularidade da rapariga!!

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  9. há um ano vi As singularidades de uma rapariga loura!! Só no fim do filme compreendi qual era a singularidade da rapariga!!

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  10. Sento dizer que eu não conhecia Manuel de Oliveira, o grande diretor português de filme , mas agora prometo ver e seguir o trabalho dele porque isto deve ser uma grande reflexão da sociedade portuguesa das últimas vezes e isto me ajudará mais continuar minha aprendizagem do português.

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  11. Eu gostei muito da entrevista,mas não gosto muito dos seus filmes, são tão intimistas!As suas idéias são interessantes. Durou 106 anos, filmou até aos 105, praticamente até ao fim e dizia não ter tido o tempo suficiente para concretizar todos os seus projectos. Um velho novo de pensamentos.

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  12. Confesso que não gosto do sétimo arte e não conhoço os filmes de Oliveira, mas depois de pesquisar na internet, acho que ele teve mais reconhecimento lá fora do que dentro, como diz o povo “ninguém é profeta em sua própria terra”.
    Oliveira fue conhecido pelo seu estilo rigoroso e reflexivo, pelas cenas longas, com câmaras fixas, ausência de música e de cenas de sexo e violência, ao longo dos anos, Oliveira encantou críticos de vários países, mas espantou muitas vezes o público portugués.

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  13. Confesso que não gosto do sétimo arte e não conhoço os filmes de Oliveira, mas depois de pesquisar na internet, acho que ele teve mais reconhecimento lá fora do que dentro, como diz o povo “ninguém é profeta em sua própria terra”.
    Oliveira fue conhecido pelo seu estilo rigoroso e reflexivo, pelas cenas longas, com câmaras fixas, ausência de música e de cenas de sexo e violência, ao longo dos anos, Oliveira encantou críticos de vários países, mas espantou muitas vezes o público portugués.

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  14. Outra pessoa muito importante que estou a descubrir e conhecer um pouco
    Muito obrigada
    Dolores

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    1. É preciso saber apreciá-lo mas não deixa de ser um grande artista da sétima arte!

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  15. O último filme que vi de Oliveira foi a curta que faz no filme Centro Histórico, de facto acho que foi a penúltima metragem que fez. Recomendo muito, não parei de rir e digo completamente a sério...Além disso as curtas dos outros realizadores que participam no filme são muito recomendáveis (todas elas sobre Guimarães)

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  16. Depois de ler a entrevista ao Manuel de Oliveira, quero ver alguns dos seus filmes.
    Para mim, o que mais gostei dessa entrevista é a personalidade de Manuel de Oliveira.
    Já com cem anos e tinha desejos de continuar a trabalhar, é incrível!
    É tudo um ótimo exemplo.

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  17. Depois de ler a entrevista ao Manuel de Oliveira, quero ver alguns dos seus filmes.
    Para mim, o que mais gostei dessa entrevista é a personalidade de Manuel de Oliveira.
    Já com cem anos e tinha desejos de continuar a trabalhar, é incrível!
    É tudo um ótimo exemplo.

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  18. Eu nunca vi um filme de Manoel de Oliveira, mas dos que aparecem neste blog, o único filme que nao tenho a intençao de ver é "os canibais". Gostei muito dos trailers do "Vale Abraao" e "A carta". Acho que tenho medo dos canibais.
    Penélope Díaz

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  19. Confesso que não sou especialista em cinema.
    Eu não conhecia os filmes de Oliveira mas eu quero ver alguns deles.
    Eu vou te dizer em breve minhas críticas sobre os filmes ;)

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  20. Não vi nenhum filme de Manoel de Oliveira mas eu não sou miuto dada ao cinema. Gostei da sua entrevista na revista porque ele tinha muita vontade de trabalhar apesar de ter cem anos.

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  21. Eu acho que nunca vi um filme deste diretor, mas eu realmente gosto dos filmes e espero ver alguns. Obrigada

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  22. Eu nâo conheço muito a fimografia de Manoel de Oliveira; só assistí a um filme e lembro só de ser muito comprido... acho que desta vez vou procurar ver filmes dele.

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